1. A margem do rio Pinheiros, apesar de ser um ambiente inóspito, abriga uma vida vegetal pujante que se manifesta constantemente em meio ao infindável processo de restauro e manutenção destas margens artificiais, trazendo à tona a precariedade de uma paisagem artificial que se tenta construir em torno de tal rio na cidade de São Paulo. Remanescente de uma antiga ponte de pedestres, hoje conduzindo uma tubulação com fios elétricos, a ponte na imagem é um resquício de um rio morto, um monumento involuntário com aspecto animalesco, um esqueleto pré-histórico com a superfície marcada pelo tempo, intempéries e grafias de pichações, que habita essa paisagem deslocada no tempo. Grandes e famintas bocas de córrego se abrem trazendo a água suja do córrego Pirajuçara, que desemboca no rio Pinheiros, coabitando entre os seres e resquícios da memória de um rio onde a água já não corre mais